Sempre que voltamos em nossa história, vamos falar de exploração, escravismo, perseguição à indígenas... Na Praia do Forte não é diferente, onde tudo começou com a construção, em 1551 da Casa da Torre, usada para defesa militar da coroa Portuguesa e residência de um dos maiores latifundiários do mundo, Garcia D’Ávila. Com a construção da fortaleza, a Casa da Torre, originou o nome Praia do Forte. Em 1922 a família Garcia D’Ávila vendeu a fazenda ao Coronel Otacílio Nunes, com sua morte as terras entraram em ruínas e falência. Foram 400 anos de exploração do povo que aqui estava, eles tinham que pagar pelo aluguel das casas de taipa e palha, pelas plantações, pela renda com os animais. Hoje se pode ver a imponência arquitetônica e histórica das ruínas da Casa da Torre, onde destaca-se a capela restaurada e tombada pelo IPHAN em 1938.
Até a década de 1970, a Praia do Forte era isolada, com vilas de pescadores desarticuladas com o fluxo econômico. Nesse ano chega aqui o novo proprietário das terras da fazenda. A fazenda Praia do Forte, incluindo as ruínas do Castelo de Garcia D’Ávila, foi vendida para Klaus Peters em 1975, paulista com ascendência alemã e com um grande projeto que unia negócios e uma paixão pela natureza. Começou assim a transformação que deu origem ao turismo da região, o Projeto da Praia do Forte.
Segundo relatos de pescadores, as mudanças realizadas por Klaus Peters foram fundamentais para a melhoria de suas vidas. Os “nativos” conquistaram a propriedade de suas casas em um processo idealizado pelo novo proprietário da fazenda e viabilizado pela prefeitura, juntamente com o projeto de preservação ambiental. Apesar do foco na pesca como uma das principais atividades dos moradores, gradualmente as novas gerações preferem trabalhar nos empreendimentos turísticos. A pesca continuou artesanal, abastecendo a poucos restaurantes e a uma parcela da população. Os pescadores chegam com os barcos na praia do Portinho, junto à igreja, onde estendem uma lona no chão pesam e vendem os peixes para os restaurantes, peixarias e passantes. Nós particularmente gostamos muito de ir lá e comprar os peixes bem frescos.
Mesmo com a transformação econômica, a vila ainda mantém suas características rústicas entremeadas com o requinte de lojas de grife. A população “nativa” está inserida na vila, sendo proprietária de uma boa parte dos imóveis residenciais e comerciais. Com um olhar atento, é possível ver as casas por trás das lojas na Alameda do Sol e mais presentes ainda na Alameda da Lua.
O sucesso na proteção e preservação das tartarugas marinhas é o resultado de um processo de sensibilização e educação constante, com a participação ativa e interessada da comunidade, proporcionados pelas iniciativas de preservação da fauna e flora do Projeto TAMAR da Praia do Forte, isso desde sua implantação em 1982. Outro projeto importante para conscientização ecológica e ambiental da vila é do Instituto Baleia Jubarte, criado em 1996 para proteger e pesquisar essa espécie em águas brasileiras.
O centro da vila é protegido da circulação de carros, onde as pessoas podem andar com segurança, transitam apenas bicicletas e "bicitáxis". O tráfego fica restrito às ruas do entorno da vila, onde se encontram alguns estacionamentos. A melhor forma de se locomover é de bicicleta, a infraestrutura é excelente. As ciclovias dão acesso a vila, aos condomínios, lagos, praias, ao Castelo Garcia D’Ávila, supermercados, comunidades vizinhas. Você explora também o Parque Klaus Peters, Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica – UNESCO, em uma área de preservação com trilha de 3,6 quilômetros. Pelo outro lado da Vila a ciclovia dá acesso à Reserva Ecológica da Sapiranga com 600 hectares de Mata Atlântica onde correm três rios. A reserva possui diversas trilhas diferentes, com acesso por caminhada, bicicleta e veículos pequenos (motos e quadriciclos).
Reserva Sapiranga
Reserva Sapiranga
Parque Klauss Peters
A Praia do Forte pode reforçar a sua história com a preservação ambiental e o cuidado com seus moradores e visitantes. A educação com o meio ambiente deve ser sempre lembrada e praticada por todos que aqui colocam e vão colocar seus pés e almas.